Sobre o Mestre Ignorante de Jacques Rancière
Em 1987, Jacques Rancière relembra a experiência educativa de Joseph Jacotot, trazendo dois elementos importantes para alimentar o debate sobre as escolas públicas: a “igualdade das inteligências” e a “emancipação intelectual”. Na actualidade, se a reflexão acerca das inteligências tem vindo a desenvolver novos caminhos e concepções que permitem orientar abordagens práticas e teóricas no campo das aprendizagens e da compreensão do ser, o conceito genericamente aceite na sociedade, ainda se encontra demasiado construído sobre o estabelecimento de diferenças ordenadas por níveis para terem o efeito verdadeiramente revolucionário nas nossas sociedades. Contudo, voltar à questão da "igualdade das inteligências" (sendo que aqui “igualdade” remete para a condição geral, inata e partilhada, de predisposição para) é questionar as noções de progresso, de níveis e nivelamento, de classes sociais e de conceitos/preconceitos estabelecidos sobre convenções arbitrárias. A noção de "emancipação intelectual" implica o derrubar das mesmas convenções e passa pelo exercício da liberdade e a confiança na capacidade intelectual do Eu e do Outro. No campo da educação, obriga-nos a revisitar e reflectir sobre todas as relações envolvendo Sujeito - Objecto – Meio - Agente.