Enfim as percepções acabam por ser, genericamente, apenas duas que se opõem.
A primeira, amplamente valorizada pela Aljazeera devido à sua abordagem conciliadora, acaba por ser predominante, pelas posturas transmitidas via stream, e crítica, mas inclusiva no sentido em que não descarta as acções locais como um instrumento de luta da Femen em particular (de facto cada grupo faz o seu caminho!), mas revelando um rosto condescendente e uma postura sensivelmente prepotente quando refere os movimentos feministas nos EU, sua história e seus «erros» (aqueles que deveriam ter servido de exemplo para quem está informada) e outra defendida pela «leader» da Femen que parece (digo «parece», porque Inna Schevchenko não se exprime perfeitamente em inglês, o que poderá ser algo que limite aquilo que ela quer mesmo dizer e nos pode levar a falsas conclusões) procurar na acção directa um instrumento para concretizar os direitos (gerais...muito gerais, porque em nenhuma altura Inna fala de forma concreta, explicita e pragmática da luta delas na Ucrânia) das mulheres.
Voltando às palavras de Inna Schevchenko, se o «sextremismo» de Femen se quer constituir como uma arma, ou melhor utilizar o corpo da mulher explorado pelo patriarcado&Cia como uma arma, sendo um grupo que se criou num contexto ucraniano e querendo realçar as especificidades da opressão neste contexto regional, acaba por revelar alguma fragilidade ao querer se impor mundialmente como se bastava ser mulher do mundo para tirar a camisola, a camisa, etc., bastava ser mulher para querermos todas a «mesma coisa»? Não estou a ironizar, é uma verdadeira pergunta. O que é que nos une? A racha apenas ou algo mais para além da racha?
Houve vários aspectos que suscitaram a minha perplexidade no discurso de Inna S. Primeiro pelas contradições inerentes ao facto de Femen lutar num contexto específico, i.e. Ucrânia, e principalmente com jovens mulheres, mas confundir os espaços sociais e culturais perpetuando o erro do «desejo de supremacia» característico do mundo ocidental. Segundo, como considero o feminismo como um movimento de luta e conscientização com fortes ligações ao anarquismo e a práticas concretas tais como a acção directa (o que poderá ser o «sextremismo»), fiquei confusa com a excessiva expressão de uma liderança quando ela clama «Eu tenho um exército»...rectificado depois por «nós temos um exército»...