Abecedário de um confinamento (1): Construção
Em pleno confinamento, os locais de construção ou obras na cidade eram como navios. Cedo de manhã os únicos tripulantes eram os pedreiros sem contrato. Tomavam café em copos de plástico na rua e seguiam para o trabalho. Os sons da cidade vinham das gruas, berbequins, rebarbadoras, serras e por vezes as marteladas elegantes alternavam-se com a broca de 11mm. O canto do pedreiro durante o confinamento foi uma melodia assobiada ou cantarolada em construção, foi a colher do pedreiro no horizonte da tachola. Ao fim do dia de trabalho com o riso do melro vinham as espátulas a rasparem os restos de cimento e as últimas marteladas antes do recolher.