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ARESTAS

ARESTAS

uma tarde com árvores...a Tília

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Há desejos de infância, semelhantes ao da ilha deserta, que perduram. No meu mundo imaginário de criança cidadã, sempre houve uma tília. Pouco importa que seja Tilia Tomentosa, Petiolaris, Platyphyllos, Rubra, Cordata, x Vulgaris ou x Euchlora são todas tílias, todas florescem durante o verão, apenas se distinguem pelo tamanho, pela forma das folhas e o aspecto do tronco. Aparentemente, a x Vulgaris é uma espécie híbrida, o resultado do cruzamento devido à proximidade da Platyphyllos e da Cordata. Há mistérios destes, há misturas possíveis! Apesar de ter plantado uma tília no meu quintal, gosto de reconher as tílias nas ruas e nos parques. Um dia, apercebi-me que em certas ruas de Lisboa, principalmente, perto da praça do Marquês de Pombal, nas ruas circundantes e adjacentes até ao Saldanha e, provavelmente, noutros sítios, durante um curto tempo, entre o fim da primavera e o início do verão, é uma dádiva cheirosa caminhar com o odor a mel das tílias. No parque D.Carlos I, há algumas tílias com a ramagem completa e outras que começaram a desdobrar, lentamente, os seus rebentos verdes e ligeiros. Durante o verão, as suas copas redondas fornecem uma sombra agradável do alto dos seus 30 a 40 metros. Diz-se que as suas flores chamadas, Flos tiliae, devem ser colhidas um dia de tempo estável e soalheiro e devem ser secas à sombra num sítio arejado. Tudo tem o seu ritmo, as suas regras e os passos a dar devagar, um a um...existe com certeza razões profundas para ser mesmo assim. Não sou grande especialista e tenho pouca experiência destas coisas da natureza, mas parece-me que deste modo as flores colhidas um dia de sol, assim como se secarem num local arejado, têm menos água, logo têm menos possibilidade de apodrecer e, quanto à sombra, é o que permite à flor de guardar a sua cor e, porque não, algumas propriedades que o excesso de sol alteraria. A infusão das flores é, frequentemente, utilizada por ser diurética, sedativa e aperitiva. Os ramos secos servem para fabricar o chamado carvão de tília ou Carbo Tiliae que trata os gases intestinais, a hiperactividade gástrica, as doenças hepáticas e biliares. É uma boa árvore melífera, o odor das suas flores atrai as abelhas e o mel de tília é ligeiro e perfumado. Diz-se que as flores da tília acalmam as doenças nervosas, do coração, da cabeça e do estômago. O chá de tília, também, é útil para tratar a arteriosclerose, a insónia, os espasmos e as indigestões. Parece que purifica o sangue. Quanto ao alburno, isto é, a parte que se situa entre a madeira dura e a casca, é utilizado para ajudar a solubilização e a dreinagem dos cristais de ácido úrico e de algumas pedras nos rins. Aconselha-se em casos de reumatismo e de gota. Contudo, além de todas estas propriedades fitoteraptêuticas, a tília permanece, na imaginação da minha infância, como a árvore a que se sobe e onde se pode construir um espaço de sossego longe do mundo dos adultos! E continuo a pensar que os românticos e Platão não estavam, completamente, longe da verdade, quando falavam de um conhecimento anterior ao nascimento, que a criança ainda conserva durante um tempo, e que o adulto esqueceu. Irremediavelmente!?
(Gazeta das Caldas, 22/04/05)

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