Divulgação: II Jornadas “Cidade em Revolta: Entradas e saídas da ruína capitalista
Nas cidades, persiste habitação degradada e insalubre e até mesmo dessa as pessoas são expulsas para dar lugar a cada vez mais numerosos alojamentos “locais” (venha viver como um operário do século XIX!, dirá o cartaz de promoção turística). Ninguém que viva do seu trabalho consegue arrendar uma casa digna que não seja na periferia e as pessoas continuam a ser empurradas para bairros “sociais”, como entulho da limpeza social em curso.
Quem resiste sofre todo o tipo de ataques por parte de proprietários e imobiliárias, desde o desaparecimento de campainhas, caixas de correio, cortes de água e luz e até visitas inoportunas e não autorizadas, e todo o tipo de pressões (in)imagináveis exercidas pelos especuladores.
A cidade é hoje, pois, um espaço de produção e de consumo sustentado por estratégias como a mercantilização das intervenções urbanísticas e da vida quotidiana da população residente. Na cidade capitalista tudo é rentabilizável: os serviços e bens essenciais são deslocados, os bairros são transformados em sítios da moda para os endinheirados, os mercados populares são gourmetizados, as praças deixam de ser espaços de comunidade, a vida é suspensa a favor dos grandes investimentos. Paralelamente, ao som insistente do camartelo, há uma maior militarização do espaço público, o estabelecimento de mecanismos de controlo da população, a implementação de sistemas de vídeo-vigilância, a imposição subtil de um modelo de bom-cidadão.
Numa altura assim, precisamos de nos juntar para falar sobre os processos de (re)construção da cidade capitalista, analisando as suas fundações históricas, as suas formas materiais e as relações de poder nela imbricadas, bem como para reflectir sobre as lutas actuais, as possibilidades de auto-organização e do apoio mútuo, e a criação de alternativas que procurem outras formas de conceber a cidade.
Eis as II Jornadas “Cidade em Revolta” – Entradas e Saídas da Ruína Capitalista.
As casas, ruas, vielas, avenidas, becos, travessas e praças revestidas de calçada, cimento ou alcatrão, que nenhum presidente construiu (cortar fitas não conta), são nossas, todas!
Tomemo-las!
Fonte: Encontro Anarquista do Livro