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ARESTAS

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Apontamentos sobre Crítica da razão negra de Achille Mbembe

Citações de: Achille Mbembe (2014). Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona.

 “(...) a raça será um complexo perverso, gerador de medos e de tormentos, e de problemas do pensamento e de terror, mas sobretudo de infinitos sofrimentos e, eventualmente, de catástrofes.” (Mbembe, 2014, 25)

Face à transformação da economia da violência no mundo, os regimes democráticos liberais consideram-se agora em estado de guerra quase permanente contra novos inimigos fugidios, móveis e reticulares.”(Mbembe, 2014, 48)

A raça, deste ponto de vista, funciona como um dispositivo de segurança fundado naquilo que poderíamos chamar o princípio do enraizamento biológico pela espécie. A raça é, simultaneamente, ideologia e tecnologia do governo.” (Mbembe, 2014, 71)

Sou um ser humano, e isso basta. O Outro pode disputar em mim esta qualidade, mas nunca conseguirá tirar a minha pele ontológica.” (Mbembe, 2014, 88)

"A ordem colonial baseia-se na ideia segundo a qual a Humanidade está dividida em espécies e subespécies, que podemos diferenciar, separar e classificar hierarquicamente. Tanto no ponto de vista da lei como em termos de configurações espaciais, tais espécies e subespécies devem ser mantidas à distância umas das outras." (Mbembe, 2014, 119)

"A ideia moderna da democracia, tal como o próprio liberalismo, é portanto inseparável do projecto de globalização comercial, do qual a plantação e a colónia são o epicentro." (Mbembe, 2014, 142)

"O medo racial, em particular, foi desde sempre um dos pilares da cultura do medo intrínseca à democracia liberal. A consequência deste medo, lembra Foucault, tem sido o crescimento de processos de controlo, de coacção e de coerção, que, longe de serem aberrações, surgem como contrapartida às liberdades." (Mbembe, 2014, 144)

"(...) é a raça que efectivamente permite fundar, não apenas a diferença em geral, mas também a própria ideia de nação e de comunidade, uma vez que são determinantes raciais que servem de base moral à solidariedade política. A raça é a prova ( ou, por vezes, a justificação) para a existência da nação.” (Mbembe, 2014, 158)

Por outras palavras, África só existe a partir de uma biblioteca colonial por todo o lado imiscuída e insinuada, até no discurso que pretende refutá-la, a ponto de, em matéria de identidade, tradição ou autenticidade, ser impossível, ou pelo menos difícil, distinguir o original da sua cópia e, até, do seu simulacro. Assim, a identidade negra só pode ser problematizada enquanto identidade em devir. Nesta perspectiva, o mundo deixa de ser, em si, uma ameaça. O mundo, pelo contrário, torna-se uma vasta rede de afinidades. (…) Há uma identidade em devir que se alimenta simultaneamente de diferenças entre Negros, tanto do ponto de vista étnico, geográfico, como linguístico, e de tradições herdeiras do encontro com Todo o Mundo.” (Mbembe, 2014, 166-167)

"Todo o poder, por princípio, só é poder pelas suas capacidades de metamorfose” (…) Ter poder é, portanto, saber dar e receber formas. Mas é também saber desprender-se de formas dadas, mudar tudo e permanecer o mesmo, desposar formas de vida inéditas e entrar sempre em relações novas com a destruição, a perda e a morte. O poder é também corpo e substância. Numa primeira instância, é corpo-feitiço (…). Mas é também um corpo-adorno, um corpo-ornamento, um corpo-cenário.(...) O poder é farmácia pela sua capacidade de transformar os recursos da morte em força germinadora – a transformação a conversão de recursos de morte em capacidade de cura.” (Mbembe, 2014, 227)

"A cor negra não tem, portanto, sentido. Só existe por referência a um poder que a inventa, uma infra-estrutura que a suporta e a contrasta com outras cores e, por fim, num mundo que a designa e a axiomatiza.(...) No fundo, só existe “Negro” em relação a um “Senhor” (…). Fora desta dialéctica da posse, da pertença e plástica, não existe “negro” enquanto tal." (Mbembe, 2014, 257-258)

"Neste caminho, os novos condenados da Terra são aqueles a quem é recusado o direito de ter direitos, aqueles que, segundo se pensa, não se devem manifestar, os condenados a viver em toda a espécie de estruturas de reclusão – os campos de concentração, as prisões de passagem, os milhares de lugares de detenção espalhados pelos nossos espaços jurídicos e policiais.(...) Os novos condenados da Terra são o resultado de um brutal trabalho de controlo e de selecção cujos pressupostos raciais são bem conhecidos." (Mbembe, 2014, 296)

"A verdadeira política de identidade consiste em incessantemente alimentar, actualizar e reactualizar as suas capacidades de auto-invenção. (…) É verdade que o mundo é antes de mais uma forma de relação consigo mesmo. Mas não há nenhuma relação consigo mesmo que não passe pela relação com o Outro." (Mbembe, 2014, 297)

"Assim, só existe mundo por nomeação, delegação, mutualidade e reciprocidade." (Mbembe, 2014, 300-301)

"(...) a construção do comum é inseparável da reinvenção da comunidade." (Mbembe, 2014, 305)

 

 

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