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ARESTAS

ARESTAS

At Dawn 157

Também eu achei fofinha a ideia de adoptar e educar um ouriço.

Numa noite em busca de uma das entradas para as catacumbas clandestinas de Paris, num dos túneis antigos dos comboios da PC (Petite Ceinture) encontrei um ouriço no escuro. Peguei nele com luvas e levei-o para o meu quarto alugado. Após duas semanas de convivência, o meu quatro começou a cheirar a bicho. Não cheirava mal, mas só cheirava a bicho.

O ouriço teimava em ocupar as minhas noites.

Teimei em ocupar os seus dias para equilibrar as noites em branco.

(...)

Quando já conseguia pegar nele sem luvas, percebi. Então, levei-o para o sítio onde o tinha encontrado.

 

Ana da Palma Sobre o ‘Gordo’ da Lara

At Dawn 155

MEMÓRIA

O primeiro livro de que me lembro de ter gostado muito foi um livro para crianças com ilustrações a cores. Eram uns gatos que entravam numa casa enquanto as pessoas não estavam lá, entravam por uma janela que tinha ficado aberta. Um dos gatos, julgo que preto e branco, derrubava uma garrafa de leite em cima do teclado de um piano. Acho isto absolutamente delicioso. Já não tenho este livro.

(LOPES, 2014, p.673)

Adília Lopes (2014). Dobra. Poesia reunida 1983-2014. Lisboa: Assírio e Alvim.

At Dawn 154

75

Em 75, achava que sabia pouco de política. Falava-se muito de marxismo e eu não tinha lido Marx. Achei que estava pouco informada. Fechei-me em casa a ler Marx, Engels e Lenine. Ainda hoje tenho esses livros todos. Percebia pouco do que lia. Às vezes lia mecanicamente, nunca saltava uma palavra. Não me aborrecia. Nunca me aborreço. Muitas vezes li assim mecanicamente e tinha prazer nisso. Os caracteres da escrita dão-me prazer.

(LOPES, 2014, p.674)

Adília Lopes (2014). Dobra. Poesia reunida 1983-2014. Lisboa: Assírio e Alvim.

Sobre o Mestre Ignorante de Jacques Rancière

Em 1987, Jacques Rancière relembra a experiência educativa de Joseph Jacotot, trazendo dois elementos importantes para alimentar o debate sobre as escolas públicas: a “igualdade das inteligências” e a “emancipação intelectual”. Na actualidade, se a reflexão acerca das inteligências tem vindo a desenvolver novos caminhos e concepções que permitem orientar abordagens práticas e teóricas no campo das aprendizagens e da compreensão do ser,  o conceito genericamente aceite na sociedade, ainda se encontra demasiado construído sobre o estabelecimento de diferenças ordenadas por níveis para terem o efeito verdadeiramente revolucionário nas nossas sociedades. Contudo, voltar à questão da "igualdade das inteligências" (sendo que aqui “igualdade” remete para a condição geral, inata e partilhada, de predisposição para) é questionar as noções de progresso, de níveis e nivelamento, de classes sociais e de conceitos/preconceitos estabelecidos sobre convenções arbitrárias. A noção de "emancipação intelectual" implica o derrubar das mesmas convenções e passa pelo exercício da liberdade e a confiança na capacidade intelectual do Eu e do Outro. No campo da educação, obriga-nos a revisitar e reflectir sobre todas as relações envolvendo Sujeito - Objecto – Meio - Agente.

 

Domingo - Estado do tempo

compasso.JPG

Domingo 5/04/2015 na Lapa

 

- Não queria o compasso?

    - humm...o compasso?

- Sim, o compasso na sua casa?

    - hummm...é que não somos praticantes de nenhuma religião...

 

E, as crianças incrédulas, mas condescendentes, para com os adultos entusiasmados, na perspectiva de encontrar e comer ovos de chocolate, continuaram com uma cenoura na mão, espreitando debaixo dos múltiplos automóveis estacionados na rua,  à chamar pelo coelho da páscoa...

 

At Dawn 153

Perguntas a Um Homem Bom de Bertolt Brecht

 

Avança: ouvimos

dizer que és um homem bom.

Não te deixas comprar, mais o raio

que incendeia a casa, também não

pode ser comprado.

 

Manténs a tua palavra.

Mas que palavra disseste?

És honesto, dás a tua opinião.

Mas que opinião?

És corajoso.

Mas contra quem?

És sábio.

Mas para quem?

Não tens em conta os teus interesses pessoais.

Que interesses consideras, então?

És um bom amigo.

Mas serás também um bom amigo da gente boa?

 

Agora, escuta: sabemos

que és nosso inimigo. Por isso

vamos encostar-te ao paredão. Mas tendo em conta os teus méritos

e boas qualidades

vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te

com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-te

com uma boa pá na boa terra.

 

In S. Ziziek (2009, 41).Violência. Lisboa: Relógio d'Água Editores.

 

 

 

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