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ARESTAS

ARESTAS

Sobre Do anarquismo de Nicolas Walter

Nicolas Walter nasceu em Londres a 22 de Novembro de 1934. Escritor, activista britânico, envolvido no Movimento pela Paz, no Comité dos 100, membro dos Espiões pela Paz, foi detido em 1966 por interromper um serviço religioso do Partido laboral em Brighton..

Numa carta ao Guardian, respondendo a um artigo acerca da morte sem o conforto de uma religião escreveu: « Manifestar raiva pela morte da luz pode ser uma bela arte, mas é um mau conselho. (...) Porquê eu? Pode ser uma pergunta genuína, mas a resposta mais natural seria porque não? A religião pode prometer uma vida eterna, mas temos que crescer e aceitar que a vida tem um fim, tal como também tem um começo...a mortalidade é inevitável, mas a morbidez não.» Morreu a 7 de Março de 2000, deixando-nos uma série de textos e pensamentos.

Publicou «Do anarquismo» (About Anarchism ) em 1969. A última edição, datando de 2002, inclui um prefácio da sua filha, escritora, jornalista e feminista, Natasha Walter. Nicolas Walter era um humanista, ateísta e anarquista convicto, apaixonado pelos factos que a História nos fornece como preliminares para tomar posições, actuar e pensar.

fonte: http://www.theguardian.com/books/2000/mar/13/news.obituaries

 

“Cada indivíduo é um mundo (um mundo com os seus sonhos, desejos, atracções, repulsões, recalcamentos e desinibições)... e é único... e é sempre a partir desta pluralidade de unicidades que temos de nos entender. Todo indivíduo consciente reage violentamente contra qualquer nivelamento uniformizador feito autocraticamente de cima para baixo ou à custa da sublimação individual. Sabe que não é nem mais nem menos do que qualquer outra pessoa e não precisa afirmar-se em detrimento de ninguém, nem de se anular em nome de altos valores que se levantem.”

 

Quanto a «Do anarquismo», trata-se de um texto de opinião pessoal baseado em factos numa linguagem clara e simples para «uso» de todas as pessoas. O texto apresenta quatro partes percorrendo o pensamento anarquista de uma forma geral, abrangente e temática, continuando com as correntes anarquistas com a sua evolução e variantes, seguido de o que pretendem os anarquistas em todas as áreas que dizem respeito à vida das pessoas e ao espaço social e político em que se encontram e, finalmente, o que fazem os anarquistas em termos de organização, propaganda e acção. O texto vem acompanhado por notas do tradutor, Júlio Carrapato, trazendo algumas precisões e contextualizações para a leitura em português.


O texto demonstra uma linha de pensamento coerente e consistente em que o pensamento anarquista, revelando a sua dimensão humanista, se manifesta a todos os níveis. Apesar da aparente simplificação, abre uma janela para a reflexão mais aprofundada para a actuação e postura anarquista diante das instituições mais ou menos ligadas ao estado; para repensar uma abordagem sempre em actualização relativamente à religião; para sublinhar a importância da organização sem autoridade; para revisitar noções importantes como revolução e reforma e para repensar a acção directa, a desobediência civil e a propaganda pelo acto como três diferentes instrumentos possíveis na luta anarquista.

Divulgação: Sessão sobre as políticas migratórias com Eduardo Romero da Cambalache

Eu migro
Tu migras
Ele migra
Ela migra
Nos migramos
Vos migrais
Eles fazem as políticas migratórias
dos muros,
dos fossos,
dos arames farpados, electrificados,
das barreiras electrónicas...Eu estou em trânsito, tu estas...

na Casa Viva, dia 17 de Outubro às 21:30 para a projecção de «As Vinhas da Ira» (1940) de John Ford, baseado no livro de John Steinbeck, para debater as políticas migratórias com um piscar de olhos para aqueles que nos mandam emigrar e aqueles que querem imigrar.

A sessão é animada por Eduardo Romero: membro da Associação Cambalache e do seu Grupo de Imigração. É autor de vários livros publicados por Cambalache: «Quién invade a quién. Del colonialismo al II Plan África»(2011), «Un deseo apasionado de trabajo más barato y servicial. Migraciones, fronteras y capitalismo » (2010), «A la vuelta de la
esquina. Relatos de racismo y represión» (2008) e «Quién invade a quién. El Plan África y la inmigración» (2007, 2ª ed.). Também é co-autor do livro colectivo intitulado «Qué hacemos con las fronteras» (Akal, 2013) e colaborou nas seguintes obras « Frontera Sur» (Virus, 2008) e «Si vis pacem. Repensar el antimilitarismo en la época de la guerra permanente» (Bardo Ediciones, 2011).
Livros copyleft: www.localcambalache.org <http://www.localcambalache.org/>

O Teatro resiste?

O Teatro resiste a quê?

 

 

O teatro é o lugar onde uma acção é conduzida ao seu acabamento por corpos em movimento frente a corpos vivos que se trata de mobilizar. (RANCIÈRE, 2010:10)

 

No Abecedário, quando se chega à letra «R», Gilles Deleuze diz que cada vez que se cria algo, estamos a resistir e consequentemente o filósofo, criando conceitos, resiste; o cientista, criando funções, resiste e o artista também resiste. Coloco-me a mesma pergunta que Claire Parnet faz ao filósofo, mas, no campo do Teatro. Se a função do Teatro é de resistir, então o Teatro resiste a quê?

Voltei ao livro de Agamben intitulado Qu’est-ce qu’un dispositif (2007), e, ao reler, parece-me quase evidente e fácil responder que o Teatro resiste ao dispositivo. Agamben revisita e aprofunda a definição de dispositivo formulada por Foucault em Dits et écrits. O filósofo italiano resume a definição em três pontos principais (2007:10-11): primeiro, como «uma rede entre elementos heterogéneos (leis, edifícios, discursos, enunciados, medidas policiais...»; segundo, «o dispositivo tem uma função estratégica concreta e inscreve-se sempre numa relação de poder»; e, terceiro, «como tal resulta do cruzamento das relações de poder e de saber». Mas Agamben acrescenta que o dispositivo implica uma governança, cujo objectivo é de «orientar, governar e controlar as actividades dos seres humanos». Agamben escreve que a governança, exercida pelos dispositivos, não tem fundamento no ser, portanto os dispositivos deveriam de implicar um fenómeno de subjectivação: «Devem produzir o seu sujeito» (2007:27). Contudo, na situação de capitalismo neoliberal em que vivemos e a que estamos submetidos, os dispositivos não permitem a criação de um novo sujeito, «excepto sob a forma de larva (...) espectral» (2007:44) e conclui que há que «intervir nos processos de subjectivação, assim como nos dispositivos» (2007:50). Há um aspecto referido por Foucault que Agamben não convoca no seu resumo de dispositivo em três pontos. Foucault considera o «dispositivo como a formação que, a dado momento,  teve por maior função responder a uma urgência», e é desta «urgência» que se constrói a relação de poder.

Agrada-me a ideia de que a função da arte é de resistir, mesmo se, no Abecedário, Deleuze não é muito claro ao dizer a que é que a arte resiste. Evoca os «discursos comuns» e fala do ritmo do artista de uma forma vaga. Seguindo o caminho traçado pelo conjunto destas palavras e conceitos: resistência, urgência/poder e dispositivo, agrada-me a ideia de que a arte se possa construir numa urgência, independentemente do tipo de urgência, e que resista aos dispositivos. Como o Teatro também é uma instituição, um discurso, um enunciado, já constitui um dispositivo e ao resistir ao dispositivo cria outro dispositivo, estamos em pleno paradoxo, excepto se, como indica Rancière (2010:15), voltarmos a examinar no teatro «a rede de pressupostos, o jogo de equivalências e de oposições que sustenta a possibilidade de tais princípios: equivalências entre público teatral e comunidade, entre olhar e passividade, exterioridade e separação, mediação e simulacro; oposições entre o colectivo e o individual, entre a imagem e a realidade viva, a actividade e a passividade, a posse de si e a alienação» e reflectirmos sobre o Teatro, enquanto instituição, à luz do próprio dispositivo que constitui. Então como é que o dispositivo criado pelo Teatro difere do outro dispositivo? Como é que se concretiza a resistência do Teatro? Pelo paradoxo?

Tentei lembrar-me de exemplos recentes de resistência no teatro. Como é natural, dada a minha posição geográfica, só me veio à memória no teatro ocidental momentos da Segunda Guerra Mundial. Lembrei-me de Antígona, de Anouilh, uma peça representada em 1944 e constituindo uma forma de falar da resistência francesa encorpada na personagem feminina de Antígona, mulher emblemática, saída do mundo grego de Ésquilo e Sófocles, representando a resistência, a infracção da lei e a coragem. Mas também duas peças de Sartre, Les Mouches, uma peça criada a 2 de Junho de 1943 e representada no «Théâtre de la Cité», antigo Teatro Sarah-Bernhardt, cujo nome foi suprimido pelos alemãs durante a ocupação, devido à sua judeidade, e hoje chamado «Théâtre de la Ville» e Huit clos, uma peça criada a 27 de Maio de 1944. Estas duas peças de teatro convocavam a actualidade da ocupação para o palco parisiense de uma forma disfarçada. Mais recentemente, no palco portuense, Arte de ser... – Imprecação a Teixeira de Pascoes, uma peça de Inês Leite, que considero como teatro de resistência, sendo uma reescrita feminina de A Arte de ser Português de Teixeira de Pascoaes. Nestes casos, o Teatro, concebido como resposta a uma urgência, resiste ao dispositivo de uma ocupação, quer seja de um território concreto, quer seja de um território abstracto, mas, em ambos os casos, o/a artista traz o seu corpo e oferece outro corpo ao palco.

No caso palestino, com a vinda do Teatro Istanbouli ao Porto, com os trabalhos da Alrowwad do campo de refugiados de Aida em Belém e do Freedom Theater em Jenine, o Teatro, enquanto espectáculo, como enquanto organização, desempenha várias funções. Por um lado, trata-se de resistir aos dispositivos sionistas, resistir ao pensamento comum divulgado através dos media dominantes, trabalhar o corpo da humanidade profundamente partilhada e expor o corpo da dor dos oprimidos pelos dispositivos.

Entre a «indagação distante» proposta por Brecht e a «participação vital» do teatro da crueldade de Antonin Artaud, resta-nos a forma comunitária como ponto de encontro entre o dramático e o épico. A componente dramática do teatro palestino convoca a História de um povo que se encontra, no afinal de contas, no telejornal, enfim, pelo menos em alguns (PressTV, Aljazeera, RT) já que os media ocidentais raramente relatam os acontecimentos na Palestina. A componente épica convoca a luta pelos direitos consagrados que têm sido espezinhados desde 1948. Resta-nos encontrar e construir a forma comunitária!

Ana da Palma (Folhas Soltas nº 3)

 

 

 

 

Divulgação: Semana Palestina no Porto

Este Outono chuvoso traz a Palestina ao Porto para uma sinestesia intensa onde as imagens trazem outras imagens, as cores outras cores, os sabores outros sabores e as palavras uma multidão de palavras. Se os augúrios administrativos se juntarem à festa, o Istanbouli Theater trará sonoridades árabes com outras histórias e outro mundo para descobrir. Basta bater à porta!

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