«Essayer, un moment, de vous intéresser à tout ce qui se dit et à tout ce qui se fait, agissez, en imagination, avec ceux qui sentent, donnez enfin votre sympathie son plus large épanouissement : comme sous le coup de baguette magique vous verrez les objets les plus légers prendre du poids, et une coloration sévère passer sur toutes choses. Détachez-vous maintenant, assister à la vie en spectateur indifférent : bien des drames tourneront à la comédie. (…) Le comique exige donc enfin, pour produire tout son effet, quelque chose comme une anesthésie momentanée du cœur. Il s’adresse à l’intelligence pure.» Bergson (1985 : 4) Le rire. Paris : PUF.
No passado sábado 5 de Fevereiro iniciou-se o segundo ciclo de cinema-debate promovido pelo GAP no Gato Vadio. Este ciclo começou com um filme que pertence ao género da ficção, mais precisamente, segundo a crítica, trata-se de uma «tragicomédia burlesca». O filme, Intervenção Divina é constituído por uma série de pequenos quadros que se completam pouco a pouco. Trata-se de uma «história de amor e de dor» composta por fragmentos e repetições do quotidiano de que se destaca a absurdidade kafkiana da situação vivida na Palestina, mais precisamente, neste caso, na Cisjordânia, entre Jerusalém e Ramallah.
Intervenção Divina data de 2002 e ganhou o Prémio do Júri no Festival de Cannes nesse mesmo ano. Na nossa opinião a questão do género merece uma atenção particular tendo em conta três aspectos: 1- a percepção dos espectadores que procuraram no filme o retrato fiel e documental da realidade palestina; 2- considerando as palavras pertinentes e reveladoras de Jean-Luc Godard, no seu filme intitulado «Notre Musique»(2003), acerca do facto da «Palestina juntar-se ao documentário e Israel à ficção» e, por último; 3- porque a Academy of Motion Picture Arts and Sciences colocou certos entraves à candidatura deste filme de Élia Suleimane ao Óscar:
"The academy does not accept films from countries that are not recognized by the United Nations, Pavlik said, adding it also had to be nominated by a committee of recognized filmmakers from Palestine. Pavlik said in both cases "Divine Intervention" might have failed the test. Palestine does not have membership in the United Nations but is recognized as an "entity" that has "observer status" in the international body." ("Oscar escapes Mideast dispute," Toronto Star, 9 December 2002)
Entre realidade e ficção, quando as inteligências se recusam à comunicação, a pertença terrestre e a identidade humana da Palestina e do seu Povo encontram-se seriamente em risco.
Publicada por GAP