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Passado o tempo em que se queimavam os sutiãs, voltamos a uma imagem retrógrada da fantasia masculina. Voltamos à ideia de luxúria associada ao álcool. Curioso, não?
Serão 4 dias, de 28 a 31 de Outubro 2010, em Ramallah, Gaza, Haifa, Jerusalem e Beirute(Libano) e «actividades alargadas» que terão lugar no mundo inteiro e que estarão «interligadas» por meio de ligação directa, chat, video conferência. O programa centra-se em 5 tipos de actividades: conferências temáticas, ateliers autogerados, assembleias do FME sobre educação e Palestina, actividades alargadas e actividades culturais.
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Um artigo saído no Le Monde, que dá uma ideia do ambiente de divergência que se vive entre a comunidade judaica dos Estados Unidos e sobre a movimentação dos grupos de pressão israelitas. Tradução de Jorge Delmar, com a ajuda da Ana da Palma e da Ana Kennerly.
A grande inquietação dos judeus americanos
Sylvian Cypel, correspondente em Nova York. Le Monde, Sélection hebdomadaire, sábado, 29 de Maio de 2010
O general James Jones, chefe do Conselho de segurança nacional americano, foi recentemente o convidado de honra no 25º aniversário do Washington Institut for Near East Policy (Winep), um grupo de reflexão bastante favoravel à diplomacia israelita.
Atendendo às divergências entre a Casa Branca e Jerusalém, ele acreditou que podia desanuviar a atmosfera na sala através de uma piada. Um taliban cheio de sede no deserto. Encontra uma loja, de um judeu, e pede-lhe água. O comerciante diz-lhe que apenas vende gravatas. O taliban insurge-se. «Acalme-se, responde o comerciante. O meu irmão tem um restaurante no outro lado da colina. Ele há-de ter água.» O Taliban dirigiu-se para lá e voltou uma hora depois, com a garganta em fogo. «O seu irmão disse-me que para entrar no restaurante é preciso usar gravata»...
Houve uma gargalhada geral na sala. Mas, o chefe de redacção do hebdomanário judeu The Forward, inquietou-se: «A piada é engraçada ou é inconveniente?» De facto, a piada é conhecida em Israel - é um árabe que está no lugar do taliban. Mas que imagem dos judeus, ou melhor, dos israelitas (era a eles que o general se referia) a piada transmite? Ela coloca o israelita numa posição dominadora e indiferente ao sofrimento do seu interlocutor; e reflecte a deterioração da imagem do estado judeu e da sua política nos Estados Unidos.
Ao nível institucional, o lobby pró-israelita mantém, certamente, uma capacidade de influência considerável. A American-Israeli Cooperative Entreprise gosta de referir que, em cada 100 senadores, 14 são judeus. Na Assembleia , eles correspondem a 7,1% (31 judeus em 435 representantes). Um inegável sucesso para uma comunidade que constitui 2% da população. A imensa maioria destas pessoas eleitas apoiam activamente Israel.
A AIPAC o lobby pró-israelita oficial, desempenhou um papel importante em duas recentes mensagens enviadas a Barack Obama, que fez assinar por 81 senadores e 366 representantes, no sentido de o pressionar a «galvanizar a comunidade internacional para que tome medidas imediatas e radicais» contra o Irão. No seio do lobby, e também no seio da população judaica, muitos se inquietam por uma evolução funesta da imagem do estado judaico. Muitos consideram que essa imagem negativa começou com a ofensiva sobre Gaza, na passagem de ano para 2009.
A delegitimação ulterior organizada por Israel ao juiz Richard Golstone, o relator da ONU sobre os «crimes de guerra» cometidos pela Tsahal, foi muito eficaz no plano institucional: este relatório está no esquecimento. Mas ela foi catastrófica junto da opinião pública, agravando a desconfiança para com o governo de israel. Bernard-Henry Lévy, que iniciou nos dias de hoje o apelo aos intelectuais judeus europeus, apercebeu-se com temor que a «falha moral» que constitui «a ocupação e a busca ininterrupta de terras» em território palestiniano, promove a «delegitimação [de Israel] enquanto Estado».
Depois de ter defendido em França a operação militar sobre Gaza, o senhor Lévy foi confrontado na universidade de Nova York dois meses mais tarde, por Mark Danner, especialista do Próximo-Oriente . Ele constatou que muitas pessoas na sala estavam longe de partilhar o seu ponto de vista.
Entretanto, este movimento de divergências, aumenta. Assim, a associação Intelligence Squad, patricionada pela fundação Rosenkranz, lança todos os meses em Nova York um tema controverso. Colocam uma questão a um vasto auditório, para ser debatida por duas pessoas «a favor» e duas «contra», recolocando posteriormente a questão. Em 9 de Fevereiro, a questão era: «Devem os Estados Unidos acabar com a "relação especial" que têm com Israel?» Inicialmente, 42% dos inquiridos responderam «não», 33% responderam «sim» e 25% estavam indecisos.
Após o debate entre dois notáveis favoráveis ao statu quo - o antigo embaixador israelita em Washintgon, Itamar Rabinovich, e Stuart Eizenstadt, ex-secretário de estado do comércio de Bill Clinton - e dois oponentes à «relação especial» - Roger Cohen, do New York Times, e o politólogo de Columbia Rachid Khalidi - , 49% queriam que a relação especial acabasse e 47% queriam mantê-la. Os indecisos penderam em desfavor de Israel.
Não é apenas a imagem «moral» de Israel que se degrada nos Estados Unidos, mas inúmeros judeus têm dificuldade em se identificar com este Israel. No dia 2 de Maio, uma manifestação de apoio teve lugar em frente ao consulado israelita em Nova York. Lá, as vozes críticas na comunidade foram vilipendiadas num tom semelhante ao de André Darmon, chefe de redacção do Israel Magazine de Jerusalém que, sobre a fotografia de B.H.Lévy, intitulou uma sua crónica recente de: «Os idiotas»...
O New York Times de 6 de Maio consagrou a estes «idiotas» a abertura do seu caderno de política interna. Na investigação abundam exemplos de judeus de vários horizontes que não se sentem confortáveis com a política israelita, inquietos por os seus apoios americanos se estarem a reduzir progressivamente aos círculos políticos direitistas, mais empolgados na aversão ao senhor Obama. «A maior parte têm sentimentos mistos, explica Tamara Kolton, mulher rabina de uma obediência religiosa reformada. Eles apoiam Israel, mas é complicado.»
Um outro bom termo que hoje está em voga é sintomático da dúvida que se instala: «Bibi Nétanyahou quer tanto a paz que está disposto a discuti-la durante mais cinquenta anos.» Na maior parte da comunidade da diáspora judaica, cada vez se ri menos.
(sábado, 22 de Maio)