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ARESTAS

ARESTAS

Uma exposição para ver

Gustave Courbet   no Grand Palais

« …Etre non seulement un peintre , mais encore un homme , en un mot faire de l’art vivant , tel est mon but  ». Gustave Courbet .)


Uma exposição organizada cronológica e tematicamente que apresenta os primeiros auto retratos, com um belíssimo retrato de uma colecção privada, a imagem da exposição: Portrait de l'artiste ,  dit   Le Désespéré 1844-1854, num período em que o retrato fotográfico iniciava o seu caminho. Uma secção que abrange o espaço intimo do pintor, os próximos e paisagens da Franche-Comté Entre estas paisagens um carvalho de Flagey suscitou a minha curiosidade e a alegoria de 7 anos de vida de artista com...em baixo no canto direito está Baudelaire .
Uma secção com paisagens, entre elas as paisagens marítimas e as famosas ondas (Vague). Nesta secção o que me tocou mais foi a representação das nuvens...dois espaços antigamente inalcançáveis ...mas o espaço ocupado pelo céu desvia o título dos quadros e somos levados da onda à nuvem.
Depois a transgressão, o pequeno quadro que escandalizou o mundo depois da morte de Courbet .  Lembro-me que sempre gostei da pequena tela de 46 por 55 cm, porque evoca uma maternidade em que a sexualidade não está excluída . Desta vez, com as fotografias pornográficas da época a servir de ilustração e de contextualização...percebi...mesmo se não mudou o meu olhar. Um olhar que não se limita à maternidade implícita pelo título do quadro (
L'Origine du Monde, 1866), mesmo se o próprio título pode ter outra leitura, aquela que remete para palavras gastas ( a prostituição como a mais antiga profissão do mundo). Nas fotografias o branco permanece envolvendo o ventre e as pernas...o branco...do quadro no abandono quase neutro.
Não escrevi nada durante a exposição...foi pena..agora tenho pena...
A última parte era dedicada a naturezas mortas e momentos de caça

Paquistão: O assassinato de Benazir Bhutto

 

A dirigente do Partido do Povo de Paquistão (PPP) acabava de se dirigir para um encontro de apoiantes do PPP na cidade de Rawalpindi quando se produziu o atentado. As primeiras notícias falavam de pelo menos 100 mortos no atentado, mas as últimas notícias indicam o número de 15.
Este ataque mortal contra o PPP produz-se no meio de uma campanha eleitoral onde, após anos de ditadura militar, as massas lutavam por conseguir uma mudança. Existia uma onda de apoio ao PPP, parecia seguro que ganharia as eleições à assembleia nacional e provincial que vão se realizar a 8 de Janeiro de 2008.
A campanha estava a ganhar força, a fracção marxista do PPP estava a conseguir um apoio entusiasta graças à sua mensagem socialista revolucionária em zonas tão afastadas como Carachi e as regiões tribais de Waziristán, na fronteira norte. Estas eleições teriam reflectido o grande giro à esquerda do Paquistão. Esta perspectiva estava a provocar alarme nas camadas dominantes, isso é o que está por detrás da atrocidade de hoje.

É um crime contra os trabalhadores e camponeses do Paquistão, uma provocação sangrenta que pretende que não se celebrem umas eleições em que seguramente ganharia o PPP, este atentado é uma desculpa para novas restrições e possivelmente a reintrodução do estado de excepção e a ditadura. É um acto contra-revolucionário que deve ser condenado sem qualquer reserva.

Quem é o responsável? A identidade dos assassinos ainda não se conhece. Mas quando perguntei aos colegas de Karachi a resposta foi imediata: "foram os mullahs". As forças escuras da contra-revolução em países como o Paquistão habitualmente são revestidas de um fundamentalismo islâmico. Inclusive circulam rumores de que dispararam sobre Benazir numa mesquita, ainda que os meios de comunicação façam questão de afirmar que o assassinato foi o resultado de um atentado suicida.

Quaisquer que tenham sido os detalhes técnicos do assassinato, quem quer que seja o agente directo deste acto criminoso, os fios da conspiração chegam sem dúvida muito mais acima. Os chamados fundamentalistas islâmicos e os jades só são os fantoches e assassinos a saldo das forças reaccionárias que estão entrincheiradas na classe dominante e aparelho do estado paquistanês, financiadas esplendidamente pelos Serviços de Inteligência Paquistanês (ISI), senhores da droga com vínculos com os talibãs e o regime saudita, sempre ansioso de apoiar e financiar qualquer actividade contra-revolucionária no mundo.

 

A guerra no Afeganistão está a ter uns efeitos catastróficos em Paquistão. A classe dominante paquistanesa tinha ambições de dominar o país após a expulsão dos russos. O exército paquistanês e o ISI intrometem-se há décadas. Eles são uma mistura de talibãs e senhores da droga (que é o mesmo). Conseguiram enormes fortunas com o tráfico de drogas que está a envenenar o Paquistão e a desestabilizar sua economia, sociedade e política.

O assassinato de Benazir Bhutto é só outra expressão da absoluta pobreza, degeneração e corrupção que está carcomendo os órgãos vitais do Paquistão. A miséria das massas, a pobreza e as injustiças, clamam uma solução. Os proprietários das terras e os capitalistas não têm a solução. Os trabalhadores e os camponeses consideravam o PPP como uma possível saída.

Alguns à "esquerda" dirão: mas o programa de Benazir não poderia ter proporcionado a solução. Os marxistas do PPP lutam pelo programa do socialismo, pelo programa original do PPP. Mas as massas só podem aprender através da experiência que programa e política são os correctos.

As eleições de Janeiro teriam dado às massas a oportunidade de pelo menos dar um passo na direcção correcta, de infligir uma derrota decisiva às forças da reacção e a ditadura. Depois teriam tido a possibilidade aprender acerca de programas e políticas, não na teoria senão na prática.

Agora parece que o mais provável é que lhes neguem esta oportunidade. O objectivo desta provocação criminosa é bastante claro: suspender as eleições. Ainda não se ouviu a resposta das autoridades paquistanesas, mas seria impensável que se possam celebrar as eleições já a 8 de Janeiro. Pospô-las-ão durante algum tempo.

Que efeito terá este acontecimento sobre as massas? Acabo de falar por telefone com os colegas do The Struggle em Carachi, onde estão a lutar contra aos bandos reaccionários do MQM numa feroz campanha eleitoral. Disseram-me que há um sentimento geral de comoção entre as massas. "A gente está a chorar e as mulheres gemem nas suas casas. Agora mesmo posso ouvi-las", me disse o colega.

 

Mas o lamento converter-se-á em raiva. "Houve tumultos nas ruas de Carachi e em outras cidades. A gente está a bloquear as estradas queimando pneus". Essa é a advertência à classe dominante de que a paciência das massas esgota-se. O movimento das massas não pode ser detido com o assassinato de um de seus líderes, nem com mil.

As massas sempre se afeiçoam às suas organizações tradicionais de massas. O PPP desenvolveu-se no fulgor do movimento revolucionário de 1968-1969, quando os trabalhadores e os camponeses tomaram quase o poder.

 

O ditador Zia assassino do pai de Benazir, não impediu a ressurreição do PPP nos anos oitenta. As forças do terrorismo de estado assassinaram o irmão de Benazir, Murtazar, depois exilaram Benazir e instalaram uma nova ditadura, mas isso não impediu que o PPP ressuscitasse de novo quando 2-3 milhões de pessoas saíram às ruas para lhe dar as boas-vindas.

As massas recuperar-se-ão da comoção e da dor momentâneas. Com o tempo estas emoções serão substituídas pela raiva e o desejo de vingança. O que faz falta não é a vingança individual, senão a colectiva. O que faz falta é preparar às massas para uma nova ofensiva revolucionária que acaba de raiz com os problemas de Paquistão.

 

A camada dominante pode atrasar a data das eleições, mas tarde ou cedo terão que as convocar. Os reaccionários calculam que a eliminação de Benazir enfraquecerá o PPP. É um sério erro de cálculo! O PPP não pode ser reduzido a um único indivíduo. Se isso fosse assim, então teria desaparecido após a morte de Zulfiqar Alí Bhutto.

O PPP não é um indivíduo. É a expressão organizada da vontade das massas para mudar a sociedade. Esses três milhões que saíram às ruas para celebrar o regresso de Benazir. São as dezenas de milhões mais que se preparavam para votar para uma mudança nas eleições de Janeiro. Estes milhões agora estão de luto, mas o luto não durará para sempre. Encontrarão formas efectivas de luta para conseguir que se ouça a sua voz.

As massas devem protestar pelo assassinato da dirigente do PPP com um movimento nacional de protesto: motins de massas, greves, manifestações de protesto, culminando com uma greve geral. Devem elevar a bandeira da democracia. Contra a ditadura! Não ao estado de excepção! Imediata convocação de novas eleições!

A direcção do PPP não deve capitular diante das pressões que pretendem atrasar as eleições. Celebração de eleições nacionais e provinciais! A voz do povo deve ser ouvida! Sobretudo, o PPP deve voltar ao seu programa e princípios originais.
No programa fundador do PPP está inscrito o objectivo da transformação socialista da sociedade. Este inclui a nacionalização da terra, os bancos e as indústrias ao controle dos trabalhadores, a substituição do exército permanente por uma milícia de operários e camponeses. Estas ideias são tão correctas e relevantes hoje que quando foram escritas.
Não há nada mais fácil que arrebatar a vida de um homem ou uma mulher. Nós, os humanos, somos criaturas frágeis e fáceis de matar. Mas não se pode assassinar uma ideia quando chegou seu momento!

 

 

 

 

 

Escrito por Alan Woods   

 

Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2007

 

Consultado a 28/12/07 http://www.elmilitante.org/content/view/4363/87/

Tradução Ana da Palma

(Obrigada Julia Coutinho pelo link)

Tempos de folia acrescidos de lamúrias sossegadas (re-edição)

       Acredito definitivamente que na política, como na literatura, não se trata da pequena história de um homem, mas sim, da grande História dos Homens. Nestes tempos de folia em que proliferam as pequenas histórias individuais, tanto escritas, como audiovisuais, também proliferam as pequenas histórias de discórdias, pequenos feudos de politiquices, pequenas histórias assazonadas de relações de ódio, influências e discórdias, pequenas histórias abundantemente espalhadas diante dos nossos olhos. No fundo não se trata de nada de novo! No meio de todo este ruído, se ouvirmos bem o solo e o coração de Portugal, ouviremos um grande zumbido de lamúrias, de queixas e de críticas de toda a ordem. São lamúrias sociais, culturais, laborais, políticas. São lamúrias docilmente sentadas no imenso cadeirão que, felizmente, estava em promoção num hipermercado à saída de uma das nossas cidades. É um som ensurdecedor. É um som surdo, porque perdemos a voz. Aquela voz atenta e alerta que explica, aquela voz que fala, que procura, que diz algo que tenha algum sentido, que diz exactamente o que precisamos saber. O que ouvimos agora é um lamento profundo sem voz, simplesmente porque pensamos todos em uníssono que o vizinho, ou o próximo, irá fazer ou dizer algo por nós, mas esquecemo-nos que o vizinho ( e quiçá o próximo) pensa o mesmo que nós e que está definitivamente sentado no mesmo cadeirão que nós! Entre vizinhos entendemo-nos, vivemos na mesma terra, consumimos os mesmos restos culturais, os mesmos programas, as mesmas notícias, os mesmos panfletos publicitários e até podemos ficar surpreendidos quando panfletos para um super ou hipermercado têm semelhanças estranhas com a propaganda política. Tudo passa. Vale tudo, posto que nada vale, mas em contrapartida estamos felizes por poder contestar ainda docilmente sentados no cadeirão.

       A falta de participação cidadã de que todos se queixam é apenas o reflexo da falta de consistência nas propostas, na falta de diálogo, na falta de visão para o futuro. Toda a sociedade está encaminhada para um tempo sem futuro, dizem-nos que tudo está perdido, logo não há que participar, não há que lutar, não há definitivamente nada a fazer, posto que tudo parece estar nas mãos dos outros. Quem são os outros? Será que os outros poderiam simplesmente sermos nós?

       Procuro a palavra Democracia e não encontro nada! Noutros tempos a democracia correspondia a uma cidade, onde o povo se governava a si próprio. A democracia era um conjunto de cidadãos. Falava-se então de isonomia, isto é, a igualdade nos direitos, de isegoria, isto é, a igualdade no falar e de isocracia, isto é, a igualdade no poder. Esta democracia reconhecia dois princípios fundamentais: a maioria e a igualdade perante a lei. Reconheço que apesar de sermos a maioria, constituímos a grande maioria a quem é retirado, arrebatado o direito de saber acerca das coisas que nos dizem respeito e, portanto, a quem é retirada a igualdade no falar. O pior, que tem vindo a acontecer, é que isto se reflecte a todos os níveis, desde as informações mais complexas às mais simples. Na verdade são tempos de folia, onde o maior ruído compra-se e paga-se; onde a formalidade de um discurso totalmente oco, disfarçado com palavras complicadas, incompreensíveis e com vagas ideias confunde o cidadão. O pior é que este discurso repete-se entre os próprios cidadãos.

(...)

                Procuro a palavra Democracia e encontro Tucídides, o fundador da história política, não me quero alongar, ficam aqui estas palavras, para reler à luz dos nossos tempos, para reflectir sem considerar a realidade grega da época, porque a seguir virão sempre muitas mais! (palavras)

" A constituição que nos rege não tem nada a invejar aos outros povos; serve-lhes de modelo e não os imita. Recebeu o nome de democracia, porque o seu alvo é para o uso da maioria e não de uma minoria. Para os assuntos privados, todos são iguais perante a lei, mas apenas consideração é dada aos que se distinguem pelo seu talento. É o mérito pessoal, muito mais que as distinções sociais, que leva às honras. Nenhum cidadão capaz de servir a pátria é afastado por indigência ou pela sua condição."

 

Ana da Palma, Gazeta das Caldas 7 de Outubro de 2005

Trabalho

Este ano, não tenho descanso. As traduções sucedem-se e aceito-as na ânsia dos meses sem certezas. Enviei uma esta manhã e já tenho outra para quarta-feira...muitas palavras contadas

Mémórias de Paris

Era bem pequena, mas lembro-me de Action Directe , um grupo armado de extrema esquerda que tinha assassinado Besse  ( PDG - Presidente Director Geral- de Renault )... tento lembrar-me da história...impossível só me vem algo confuso. Acho que nos sentimentos mais puros de criança vinha apenas a incompreensão..apenas um porquê insistente...naquele tempo ninguém me explicou e hoje ao ler a notícia de que um dos membros que tinha sido condenado à prisão perpétua foi "semi-libertado" ...a imprensa não diz mais nada...é pena...pois teria gostado perceber um pouco mais de uma história que marcou a minha infância parisiense.

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