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ARESTAS

ARESTAS

Estado do tempo de ontem


    tudo no grão
vem
    do tempo este
ar
    húmido e quente
lembro-me dos
    cúmulos chuvosos como de uma canção
trémula e inaudível
    aprendemos na parede a reconhecer o passar do tempo
e a rugosidade dos dias persiste
    sempre aquilo ainda por vir e a
rapidez dos dias persiste
    nunca, nada - as palavras queridas dos amantes - e sempre
    nunca nada foi tão doce quanto ontem

At dawn 59

Il y a des chiffons durcis, en boule. Quel témoignage.

Des portes sont entrouvertes, debout. Le ciel reste fixe.
Miroirs, aussi, dans des cadres.

Certaines formes sont enveloppées, c'est impensable. Les pires sont petites et grosses.

La terre change, par endroits. Flasques visqueuses. Il y a aussi des coins secs comme des yeux.

Un feu brûle, au milieu.
On regarde par une fente. C'est tellement vrai.

Leslie Kaplan, L'excès-l'usine

At dawn 58

LES FOULES

Il n'est pas donné `chacun de prendre un bain de multitude: jouir de la foule est un art; et celui-là seul peut faire, aux dépends du genre humain, une ribote de vitalité, à qui une fée a insufflé dans son berceau le goût du travestissement et du masque, la haine du domicile et la passion du voyage.
Multitude, solitude: termes égaux et convertibles pour le poète actif et fécond. Qui ne sait pas peupler sa solitude, ne sait pas non plus être seul dans une foule affairée.
(...)
Baudelaire, Le Spleen de Paris

At dawn 57

L’INSTANT DU POISSON

 

pour cet instant

lent appliqué

cet instant du poisson

tout au bord du néant

d’un poisson attentivement mangé

sur le formica

d’une cuisine béate

illuminée

il n’y a guere assez de conséquences

d’espoirs

d’excuses

qui vainement se précipitent

dans le formidable espace

de cet instant dangeureux

silencieusement lance

 

Petr Hruska

Semana móvel

 A semana europeia da mobilidade passou com os eventos agendados no folheto disponibilizado pela Câmara das Caldas da Rainha. Contudo, deve ter sido um pouco difícil ao cidadão aperceber-se do evento, envolver-se e participar de forma adequada, devido à semana coincidir com a primeira semana de aulas que, como sabem, é um autêntico fervilhar de pais procurando fazer malabarismo de disponibilidade para poder organizar os horários escolares com as actividades extracurriculares dos seus filhos de forma a serem compatíveis com o ritmo familiar e uma verdadeira multidão de pais empenhados em receber os livros escolares e procurar os materiais a menores custos compatíveis com os gostos das crianças. Esta semana europeia pode ter tido todos os efeitos desejados em países como a França, onde todos os alunos do ensino pré-universitário começam a escola num dia pré-agendado no final do ano lectivo anterior e conhecido de todos que ocorre sempre no decorrer da primeira semana de Setembro, ficando deste modo mais atentos e dispostos a participar.

O que motivou o início das semanas da mobilidade foi o estado do ambiente em que o cidadão tem que viver, isto é, a rapidez e eficácia que tem que demonstrar em cada dia de trabalho aliadas às consequências que isso tem no seu espaço de vida. A óptica da semana da mobilidade envolve questões fulcrais, tais como investir em meios de transporte alternativos, promover práticas de mobilidade duráveis, seguras e acessíveis, assim como uma partilha mais equilibrada do espaço público. A cidade das Caldas da Rainha participou pela primeira vez neste evento e, na verdade, tudo o que tem sido feito (zonas pedonais, parque subterrâneo, Toma...,) no decorrer dos últimos anos, aponta para este caminho.

A semana da mobilidade deve de envolver projectos e actores (câmaras, empresas, entidades, etc.), mas não pode esquecer as acções concretas de sensibilização dirigidas ao cidadão, tais como, incentivar pelo exemplo a deslocação de bicicleta, este deveria ser dado pelos próprios autarcas durante a semana da mobilidade; organizar passeios de bicicleta, com bicicletas próprias, ou fornecidas para a ocasião, pela autarquia; organizar concursos nas escolas e freguesias em que o prémio pode ser uma bicicleta, ou patins (se tivéssemos espaço e passeios adequados...); promover percursos didácticos nocturnos de bicicleta, organizar workshops para a resolução de problemas simples e manutenção das bicicletas; organizar sessões em que cada cidadão pode calcular a sua participação nas emissões de CO2, etc.

Referi mais acima que é importante promover as acções que são dirigidas aos cidadãos de forma puramente desinteressada, mas formativa e informativa. No dia 21/09/07 no museu do ciclismo, assisti ao que vinha referido no programa como sendo uma conferência, intitulada: “Melhores ruas para as pessoas nas Caldas da Rainha”. Primeiro, é preciso dizer que uma conferência é “uma reunião de pessoas para tratar de assuntos que interessam aos que nela tomam parte”, depois é necessário dizer que a dita conferência no seu conjunto, tirando apenas duas apresentações entre as quatro, não era para o público geral. De facto, houve a apresentação do Toma e a apresentação de um jovem arquitecto sobre os eixos rodoviários possíveis, a única que, de algum modo, trazia e fazia propostas concretas que interessavam o cidadão. Contudo, esta apresentação foi colocada num momento em que toda a intervenção foi desvalorizada. O resto destinava-se a empresas e à Câmara, foram actos de marketing que não podiam nem cativar, nem interessar o simples cidadão. Normalmente, há sempre que ter o cuidado de identificar o público-alvo para não levar o cidadão comum a abdicar de participar, por outro lado, uma apresentação em PowerPoint destinada ao público, não pode, nem deve de nenhum modo ser uma sobreposição de textos idênticos (um escrito nos slides e o mesmo lido) as novas tecnologias devem servir precisamente para manter a atenção do público, não para perdê-lo.

A confusão parece ser grande entre aquilo que importa ao cidadão e aquilo que a autarquia deve fornecer para promover a participação do cidadão. Se considerarmos bem este problema, há várias hipóteses: ou os nossos dirigentes fazem tudo propositadamente para afastar o cidadão da participação, lamentando ao mesmo tempo a sua ausência - isto seria totalmente maquiavélico - ou sofrem todos de falta de discernimento. Entre uma e outra hipótese, ainda prefiro a primeira (mesmo se remete para algo que me incomoda profundamente, não sou desconfiada mas, isto dá que pensar...ou não dá?), dado que a segunda hipótese é bem mais grave, contando com o facto que fomos nós quem elegemos os nossos representantes.

Quanto à audiência, constituída por um pequeno número de simples cidadãos com questões pertinentes apenas obtiveram respostas abruptas, retóricas ou evasivas.

A participação das Caldas da Rainha neste evento europeu é sem dúvida um passo em frente em questões ambientais, mas mesmo assim, há o desconforto de uma manipulação imprevisível e irremediável que apenas conseguimos calar, mas este calar acumula-se de forma vertiginosa sem que possamos saber até onde pára o silêncio. Será assim que se defende e promove a participação do cidadão?

( Ana da Palma, Gazeta  das Caldas 28/09/07)


At dawn 56

LE ROSSIGNOL DE BADELUNDA

 

Minuit verdoyante, à la frontière nord des rossignols. Des feuilles Lourdes pendent en transe, les automobiles se jettent assourdies sur la ligne des néons. La voix du rossignol ne s’élève jamais par le côté, elle est aussi perçante que le chant du coq, mais belle, et jamais vaniteuse. J’étais en prison et elle est venue me voir. J’étais malade et elle est venue me voir. Mais je ne la remarquais pás alors. Le temps s’écoule du soleil et de la lune et pénètre tous les tic-tac tic-tac dês horloges tactitiennes. Mais ici, le temps a cessé d’être. Seule la voix du rossignol, cês tons à la résonance crue qui affûtent la faux lumineuse du ciel de la nuit.

 

Tomas Tranströmer, Baltiques.

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