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Nos Estados Unidos, 40% dos bebés vêm regularmente televisão, DVD, ou gravações vídeo desde a idade dos três meses, a proporção passando para 90% a partir dos dois anos de idade: foi o que revelou um inquérito orientado por Frederic Zimmerman , no início do mês de Maio e publicado na revista Psychiatrics , vindo confirmar os resultados de um estudo feito em 2004 de que os bebés expostos aos programas de televisão entre um e três anos estão sujeitos a sofrer de um défice de atenção (attention deficit disorder ) quando atingem a idade de sete anos.
Há cerca de dois anos (no mês de Setembro de 2005), quando o INSERM pensou poder publicar em França os resultados de um inquérito sobre os distúrbios de concentração e as consequências frequentemente manifestadas sob a forma de distúrbios de conduta, revelou-se que, durante o estudo, praticamente nenhum cuidado foi dado aos efeitos devastadores da indústria televisiva e audiovisual sobre as jovens consciências. A estas causas, que são sociais e culturais, pelo contrário, o INSERM pensou encontrar bases genéticas. Isto levou o instituto a preconizar uma despistagem desde os três anos de idade das crianças supostamente predispostas a comportamentos anti-sociais.
O que o último estudo publicado sobre o assunto por Psychiatrics confirma em 2007 é que os comportamentos anti-sociais ligados ao défice de concentração são em grande parte o que suscita a incúria de uma organização social que se tornou devastadora para a vida do espírito porque trata mal as consciências e, em particular, as mais novas logo as mais frágeis: aquelas de que devemos cuidar e a que devemos prestar o maior cuidado através daquilo que chamamos a educação. O que revela este estudo, é que a indústria televisiva destrói a educação.
Porque a concentração não é simplesmente uma faculdade psicológica: é uma competência social, há que adquiri-la e formá-la é da responsabilidade dos educadores, tanto dos pais como dos profissionais. Desde Jules Ferry, que generalizava uma tarefa que se atribuíam as Igrejas antigamente, a escola foi encarregada pelo Estado-Nação do papel de formar a concentração, em particular pela aquisição de disciplinas do espírito atento às matérias segundo as regras dos saberes elaborados e transmitidos de geração em geração.
No entanto, depois da 2ª Guerra Mundial, o sistema educativo e os media audiovisuais começaram a concorrer para captar a atenção das novas gerações. A partir do fim do século XX, esta concorrência tornou-se, com a pressão do marketing, um verdadeiro conflito, cujo resultado actual é um desastre psicológico, afectivo, cultural, económico e social. Não há a menor dúvida que as carências de concentração provocadas pela captação audiovisual da atenção conduzem à fragilização dos laços sociais de tal modo que apenas pode gerar uma insegurança generalizada.
Aquilo que os pais e os educadores formam paciente e paulatinamente, desde a mais terna idade, alternadamente , de ano para ano na base daquilo que a civilização acumulou de mais precioso, as indústrias audiovisuais desmancham sistemática e quotidianamente com as técnicas mais brutais e vulgares – ao mesmo tempo que acusam as famílias e o sistema educativo deste ruir. Há que prestar homenagem aos educadores e professores que não renunciaram a lutar contra a incúria desta organização industrial.
É esta incúria que constitui a primeira causa do extremo enfraquecimento dos estabelecimentos de ensino como da fragilização familiar. Num contexto em que “o tempo de cérebro disponível” tornou-se simples mercadoria, os estabelecimentos de ensino e as estruturas educativas desmoronam-se umas após as outras.
Ora, com o ensino e a educação, é o próprio mundo que pode por sua vez vir a destruir-se.