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ARESTAS

ARESTAS

Variações sobre Migration

sobremigration.JPG
"(...) Mas, hoje em dia, todo verdadeiro Ulisses deve revestir um roupão, em vez do fato de marinheiro, como o escreveu outrora Giorgio Bergamini, e aventurar-se mais na sua biblioteca do que nas ilhas perdidas; o Ulisses contemporâneo deve ser um perito do afastamento do mito e do exílio da natureza, um explorador da ausência e da deserção da verdadeira vida." (Claudio Magris)

Blanco, verde, fresco


Sin
La ola del sol
Pero con
el peso del viento
En mis labios
En aquel beso que miro
De mi ventana
Verde y ondulante
Repito mis nombres
Entre las hojas
Susurro
arenas
Olvido las pruebas
Echándolas hacia el salto...

Dispersas entre las
Nubes.

LUZ

luzout.JPG
Da passagem do rio ficou o som da
água
da água misturada ao ronronar de uma máquina de
costura
de costura são sons no caminho do espelho lugar
de todo
de todo o sal do tempo da
inocência onde veias bulbosas assaltadas dia sim dia não
veias escurecidas do fluxo e refluxo,
do fluxo e refluxo de sangue que
vai que vem e retiro-lhe os pensos com a sensação de arrancar toda a pele
a pele que esfrego com a mão plana
definitivamente plana como para segurar a pele
sua a pele
a sua pele um véu ligeiro pronto a romper-se no espelho
agora a distância entre criança e avó é mais curta
são tantas as peles
............................................................................................................
............................................................................................................
não sei bem o que se passa... estou sentada numas escadas de pedra numa quinta perto de Sacavém, não me lembro do nome, não importa, recebi um livro para pintar e lápis de cores é o cheiro a lápis feliz e
é tão grande o avental da minha avó.
Conta o dia em que cruzámos o Rio Guadiana chovia, só podia chover porque guardo a memória da chuva. O rio transbordava, inundando as margens, cobrindo juncos e cavalinhas. Enquanto a mula lutava para atravessar as águas tumultuosas, vi passar troncos, ervas e um corpo afogado - aquele corpo que a minha adolescência arrancou de um poema. Não me lembro o que era o outro lado do Rio, o que significava o outro lado do Rio, mas o outro lado foi a ruptura com a minha língua materna. Foi o momento em que o Rio retirou-me a possibilidade de afeiçoar-me a uma língua. Ou será o contrário ?






















Nunca nada é inocente...

“A arte é a obra do génio, uma disposição inata do espírito (ingenium), pela qual a natureza dá as suas regras à arte.”
(Kant)
Modos de ver é o título de um livro em que participam nomes como J. Berger, S. Blomberg, C. Fox, M. Dib e R. Hollis. O próprio título do livro vem de uma emissão de televisão chamada igualmente, mas noutra língua Ways of Seeing. Posto que o livro, composto por ensaios e imagens, desejava suscitar perguntas, a crónica “Modos de ver” é a formulação desse desejo, isto são, as perguntas essenciais que dão lugar a uma reflexão sobre o nosso espaço, sobre as actividades desenvolvidas no nosso espaço, como espelho de algo que é absolutamente necessário sempre procurar e sempre interrogar. No livro que mencionei dizem a dada altura, logo ao início que “Somente vemos aquilo para que olhamos. Ver é um acto voluntário.(...)Nunca olhamos para uma só coisa de cada vez; estamos sempre a ver a relação entre as coisas e nós próprios.” Parece-me que nestas poucas palavras há muito que dizer acerca do olhar e do ver, porque quando olhamos submetemos as nossas retinas a várias imagens, isto é, uma multidão de imagens são transmitidas por via do nervo óptico para o nosso cérebro, no entanto no momento em que olhamos e vemos o processo é complexo porque implica uma relação entre a imagem e o nosso conhecimento das coisas. Não podemos ver algo sem olhar, contudo podemos olhar sem ver.
Ultimamente as exposições, enquadradas no contexto das comemorações da morte de Rafael Bordalo Pinheiro, sucederam-se. Foram muitas exposições para ver, quase todas orientadas para a cerâmica, como a exposição sobre a fábrica, a exposição da colecção Maldonado Freitas, ou da colecção Berardo. Entre as que se destacaram, por dedicarem-se a outras áreas da arte de Rafael Bordalo Pinheiro, já falei aqui da Obra Gráfica, patente no Museu do Hospital, mas falta referir a exposição do Museu Malhoa. Esta exposição tem a particularidade de juntar artistas de uma mesma época, permitindo, através de um leque variadíssimo de obras (pinturas, desenhos, esculturas, objectos) e de documentos e cartas, fazer um esboço de um período artístico cujo espaço vai de Lisboa ao Porto passando pelas Caldas da Rainha. Por falta de espaço, não me vou debruçar sobre todas as obras expostas, pois a exposição está ainda para ver e rever e o Museu Malhoa publicou um catálogo esclarecedor, tanto no que concerne os vários ensaios, como as obras reproduzidas, sobre a exposição. Ficam aqui apenas alguns apontamentos. Entre as obras de Rafael Bordalo Pinheiro, um óleo sobre tela, intitulado “ Alegoria ao Grupo do leão” datado de 1885, com uma forma peculiar, pois acompanha o arco de uma abertura ou de uma passagem, e representando os membros do grupo com os seus atributos, é surpreendente. Uma pequena e belíssima obra de ourivesaria, brandindo subtilmente um camarão nas costas de uma faca para peixe, pareceu-me de uma extraordinária beleza. Entre as obras de Malhoa houve “o Idílio”, um óleo sobre tela, datado de 1927 que tanto me tocou pela sobriedade das linhas e dos contornos das sombras em que se pode vislumbrar um abraço. “A paisagem tirada da Charneca de belas ao pôr do sol” de Silva Porto evocou o pintor das “Glaneuses”. Entre as obras de Columbano, foi possível ver aquela que procurei no desaparecido café da rua 1º de Dezembro, em Lisboa, O leão de Ouro. Entre obras de marinhas, o quadro intitulado “Praia dos Pescadores. Póvoa de Varzim” de Marques de Oliveira, provocou deleite pela composição em que todo o peso do olhar do espectador fica ligeiramente inclinado para o lado esquerdo. Se algumas obras brilham pelo seu valor histórico, pelo momento ou contexto histórico, ou ainda pelo génio artístico importa poder olhar para as obras com os olhos de quem quer ver, de quem quer ser surpreendido ou deliciado. Ao longo da exposição, a memória é estimulada e pode evocar outros quadros. É assim que surgem reminiscências de Millet, Courbet, Manet, mas também dos pintores da escola de Barbizon, através de alguns temas tratados ou da paleta dos pintores apresentados, mas o traço não sei dizer. O traço permanece o dom ou o génio do artista. A beleza, enquanto conceito de estética, apesar de poder ser fundamentada através das obras consideradas pela História da Arte como paradigmáticas, ou nos mais importantes e significativos escritos filosóficos, é precisamente isto, olhar atentamente para ver o que importa para nós espectadores.
(Ana da Palma, Gazeta das Caldas 21/10/05)

Sedução

dooutrolado.JPG
Traz luz
e dor
o espaço que é nosso
apenas povoado
pelo aperto que se encontra no peito
agora
sem luz
sem dor
despovoado
outra vez
depois das perguntas
depois das respostas
também esquecemos

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